PENSAMENTO ATENTO: ARMADILHAS DO PENSAMENTO
- Andréia Kleinhans
- 9 de nov. de 2015
- 2 min de leitura

"Não estou bem, penso muitas coisas ao mesmo tempo e às vezes tenho medo de enlouquecer”.
Muitos pacientes falam sobre o pensamento quando procuram a psicoterapia, e através dela, aprendem sobre como os pensamentos nos colocam em verdadeiras armadilhas. O fato, é que damos pouca, ou nenhuma importância para o pensamento, e sua influência sobre o que sentimos, e o que fazemos. Aqui inicia o trabalho em psicoterapia cognitiva: aprender sobre seu próprio pensamento.
Se observarmos atentamente perceberemos que a irritação, a raiva, o medo, e até mesmo sentimento de alegria estão ligados ao pensamento. Se avaliarmos uma situação de forma catastrófica, pensaremos que não há saída, que tudo está perdido, e que o pior irá acontecer. Ao pensarmos assim, uma torrente bastante poderosa começa a formar-se e um sentimento de impotência acompanhará o pensamento catastrófico inicial. Onde está a armadilha? Como poderemos sair dela se as coisas realmente parecem ruins e provavelmente sem resoluções?
Aqui, nesse exemplo, a armadilha encontra-se justamente em acreditarmos fielmente no pensamento, sem a análise correta dos fatos. “ Isso é impossível, não consigo saber o que pensei, apenas sinto”, diz um paciente em grande sofrimento. É verdade, o pensamento é rápido, instantâneo, familiar, ocorre também em forma de imagem, lembrança, e o mais importante, por ser bastante conhecido em seu sistema, ele, apresenta altíssimo grau de convencimento. Antes mesmo que você o identifique, ele já ocorreu de forma extraordinariamente rápida, e pior, te convenceu totalmente. Sem muito trabalho, formou-se uma armadilha de pensamento que o envolve, interfere em suas ações e o deixa bastante aflito.
“Eu penso que ela (e) não gosta de mim”, outra frase muito frequente dos pacientes que traz o mesmo processo automático do pensamento. Por estar novamente em uma armadilha, o paciente não reflete sobre a veracidade da informação, seu olhar está distorcido, está cego. Nesse caso, deixa de avaliar todas as informações que provavelmente contrariam a afirmação inicial, e não raro, o paciente permanece em sofrimento por se recusar a olhar atentamente para fatos também reais que estão ocorrendo em sua vida, e justamente lhe mostrariam que o pensamento está disfuncional, não lhe ajuda, apenas lhe atrapalha.
Pensamento atento, portanto. Faça pequenos exercícios, observe o que passa em sua cabeça em dado momento, identifique com cuidado o que sente a partir do pensamento que surgiu, procure realizar análise lógica através dos fatos reais.
Costumo dizer que precisamos treinar, todos nós sem exceção, pensamos, e os pensamentos apresentam as mesmas características: rápidos, instantâneos, fugazes, familiares, alto grau de convencimento e especialista em criar armadilhas disfuncionais.
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